Mês de prevenção do suicídio
Por: Camila Leal Ferreira
Setembro Amarelo é a campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio que acontece todos os meses de setembro, desde 2015, em todo o mundo.
O Setembro Amarelo tem como objetivo sensibilizar e conscientizar a população sobre o suicídio, um problema que afeta pessoas de todas as idades, classes sociais e gêneros.
Este é um tema que ainda é tabu no Brasil, mas que vem sendo discutido com mais frequência com a intensificação das campanhas de divulgação. Quebrar o silêncio sobre o suicídio é urgente, já que o estigma que silencia a população sobre este tema ainda é um desafio profundo a ser vencido. Ainda há muita falta de informação e preconceito ao redor da temática. A primeira medida preventiva contra o suicídio é a educação, é através da conversa aberta que as pessoas tomam conhecimento dos meios de ajuda e apoio emocional disponíveis.
Muitas pessoas que enfrentam difíceis batalhas internas, acabam por desenvolver a ideação suicida. E muitas dessas pessoas em perigo não sabem que podem receber apoio profissional através de diversos programas como orientação, terapia e suporte emocional. É por isso que falar abertamente sobre saúde mental é a melhor forma de quebrar este estigma.
Fazer chegar a informação sobre os recursos de ajuda disponíveis a quem precisa de ajuda capacitada é missão de todos nós. Para isso é preciso saber quais são as principais causas do suicídio e quais são as formas de ajudar quando os sinais forem detectados. Estas medidas salvam vidas.
As causas do suicídio são complexas e envolvem fatores biológicos, psicológicos e sociais. Alguns dos fatores que podem contribuir para o suicídio incluem depressão, ansiedade, abuso de substâncias, transtornos alimentares e problemas de relacionamento.
Os sinais de alerta do suicídio podem ser sutis, mas é importante estar atento a eles. Alterações no sono e no apetite, como dormir mais ou menos do que o habitual, perder ou ganhar peso sem motivo aparente, podem ser sinais de alerta. Frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer” podem indicar que a pessoa está pensando em suicídio. O isolamento, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse por atividades de que gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, também podem ser sinais de alerta.
Alguns dos sinais mais comuns incluem:
- Mudanças de humor ou comportamento
- Expressões de desesperança ou desespero
- Isolamento social
- Doação de bens
- Mudanças no sono ou no apetite
- Automutilação
- Comportamento impulsivo ou imprudente
- Ameaças de suicídio
Se você notar algum desses sinais em alguém que você conhece, é importante conversar com ele. Ouça com atenção e sem julgamento. Ofereça seu apoio e encoraje a procurar ajuda profissional.
Um gesto sincero, uma postura com escuta aberta podem resgatar alguém em apuros. É preciso falar com responsabilidade, de forma adequada e alinhada ao que recomendam as autoridades de saúde, para que o objetivo de prevenção seja realmente eficaz.
Caso identifique que um amigo, parente ou conhecido está com pensamentos suicidas, entre em contato com o CVV pelo 188, e os voluntários treinados para conversar com pessoas que estão passando por dificuldades poderão auxiliar.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma organização sem fins lucrativos que oferece apoio emocional gratuito a pessoas em crise.
O CVV pode ser contatado pelo telefone 188, pelo chat no site do CVV ou pelo aplicativo do CVV
O Suicídio é uma questão de saúde pública em todo o mundo. Hoje, segundo o relatório “Suicide worldwide in 2022”, publicado pela OMS em 2023, estima-se que, em 2022, houve 705.000 mortes por suicídio no mundo, o que representa 1,3% de todas as mortes.
A OMS estima que, em média, 132 pessoas morrem por suicídio a cada hora.
O suicídio é uma das principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Em 2022, o suicídio foi a quarta causa de morte entre jovens nessa faixa etária.
Em 2022, o Brasil registrou 13.523 mortes por suicídio, o que representa uma taxa de 8,0 por 100 mil habitantes. Um estudo da Unicamp revelou que 17% dos brasileiros já pensaram em se matar e, desses, 4,8% chegaram a planejar o ato.
De acordo com o Boletim Epidemiológico de Vigilância de Suicídios do Ministério da Saúde, a taxa de suicídio no Brasil é de 6,6 por 100 mil habitantes. No nosso país os estados com as maiores taxas de suicídio são Rondônia (20,7 por 100 mil habitantes), Rio Grande do Sul (14,7 por 100 mil habitantes) e Mato Grosso do Sul (14,4 por 100 mil habitantes).
Este triste quadro pode mudar, e o começo da mudança é FALAR sobre o SUICÍDIO.
Lembre-se: toda DOR é POR ENQUANTO. Procure ajuda capacitada quando a DOR sufocar seus SONHOS.
Você não está sozinho!
Referências:
- Centro de Valorização da Vida – https://www.cvv.org.br/
- Setembro amarelo – https://setembroamarelo.org.br/
- World Health Organization: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/suicide
- Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (RSPSP), artigo “Prevalência de ideação e tentativa de suicídio na população brasileira: um estudo epidemiológico”, Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. O estudo liderado pelo professor José Roberto Leite de Moraes. – https://www.revistas.usp.br/rpsp/article/view/181148/179575
- Boletim Epidemiológico de Vigilância de Suicídios do Ministério da Saúde, publicado em 2023, disponível no site do Ministério da Saúde. – https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2023/boletim-epidemiologico-volume-54-no-11