por: Patrícia Cristina Rodrigues Mello, Psicóloga, 06/113876
Primeiramente é importante explicar o significado da palavra Perinatal, que é muito simples.
• Peri significa em torno ao redor de algo
• Natal significa nascimento
Ou seja, em torno do nascimento e dos aspectos que estão envolvidos nessa fase.
Ao contrário do que se imagina, o período de gestação nem sempre é marcado por alegrias e
realizações. Muitas mulheres experimentam tristeza ou ansiedade nessa fase de suas vidas. A
gestação e o puerpério são período da vida da mulher que envolvem inúmeras alterações físicas,
hormonais, psíquicas e de inserção social, as quais podem refletir diretamente em sua saúde mental
(CAMACHO et al.,2006).
A questão é, embora a maioria dos estudos seja focada na depressão pós-parto, a depressão durante
a gravidez pode ser considerada questão importante, visto que constitui um forte fator de risco à
depressão pós-parto e visto que a depressão perinatal possa causar baixo peso ao nascer,
prematuridade e afetar o desenvolvimento do bebê/criança (PATEL 2006; RAHMAN 2004).
A literatura cientifica indica que a fase de maiores chances de transtornos mentais na mulher ocorre
principalmente no 1º e no 3º trimestre de gestação e nos primeiros 30 dias de puerpério. Vale ressaltar
que a intensidade das alterações psíquicas depende de fatores como personalidade da gestante,
familiares, conjugais, sociais e culturais. (PEREIRA et al. 2008).
A depressão está associada a inúmeros fatores de risco que pode ser desenvolvido e trazer o sintoma
no período perinatal como:
• Ter apresentado depressão em outra fase da vida;
• Ter familiares próximo como pai, mãe e irmãos que apresentaram ou tem algum transtorno de
depressão ou algum outro transtorno mental;
• Histórico de violência doméstica física ou psicológica;
• Gravidez não planejada/desejada;
• Gravidez na adolescência;
• Carência de suporte familiar ou social;
• Algo inesperado que tenha acontecido (morte do cônjuge ou alguém da família, separação);
• Ter passado por aborto anterior;
• Ter recebido algum diagnóstico do feto;
• Dificuldades financeiras ou desemprego entre outros.
Evidências demonstram que, além de a depressão perinatal ser mais frequente, ela é o principal fator
de risco para a depressão pós-parto, sendo esta, muitas vezes, uma continuação da depressão iniciada
na gestação (ALAMI 2006, DA COSTA 2000).
Importante ficarmos atentos aos comportamentos, sentimentos e emoções vivenciada nessa fase de
grande alteração emocional e buscar ajuda de profissionais. Para termos gerações futuras mais
saudáveis mentalmente, precisamos cuidar primeiro da saúde mental das mulheres.
*A Psicologia Perinatal é uma área nova da psicologia no Brasil, que se preocupa em conhecer os
fenômenos psicológicos que estão em torno do nascimento e aspectos envolvidos nessa fase como:
planejamento familiar, problemas de fertilidade, gravidez na adolescência, aborto, luto perinatal,
parto/pós-parto, problemas no aleitamento, vínculo com o bebê e adoção.
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pregnancy and after chilbirth in a Moroccan sample. Arch Womens Ment Health. 2006;9(6):343-6.
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