por: Patricia Mello, CRP:06/113876 – Psicóloga Perinatal
Dia 03 de Maio foi comemorado internacionalmente o dia da SAÚDE MENTAL MATERNA. Por isso Maio, o mês das mães, foi escolhido como mês Furta-Cor, com o objetivo de promover e dar visibilidade às causas maternas. É importante divulgar mais a respeito do tema, pois no Brasil e no mundo todo existe a romantização da gestação da mulher, retratada como linda e plena nessa fase.
É preciso desmistificar comportamentos moldados pela história e pelos padrões culturais, que não são determinados biologicamente. A mulher não nasce uma mãe, ela TORNA-SE uma mãe!
É preciso falar da maternidade real, do bebê real, que é um momento exaustivo, solitário e muitas vezes adoecedora, das expectativas da mulher e do casal e serve também para mulheres tentantes (que estão tentando engravidar). Alguns dos aspectos mais importantes dessa fase são:
- MUDANÇAS: A gravidez é uma fase singular e de extrema importância na vida das mulheres, muitas mudanças psíquicas, físicas e sociais são vivenciadas neste período. Diante dessa transformação hormonal e emocional, muitas expectativas e medos também são gerados nessa nova fase, podendo transformar esse momento em um período de intenso sofrimento psíquico, onde as mulheres podem apresentar sintomas psicológicos e chegar a desenvolver transtornos (ARAÚJO et al.,2016; MALDONADO, 2017).
- COMPORTAMENTOS: O aumento do nível de hormônio durante a gestação pode interferir de forma significativa em seu comportamento e no seu organismo, provocando irritabilidade, insônia, perda de energia e mudanças no apetite, além das mudanças físicas que ocorrem, como seios inchados, mal-estar, náuseas e desejos (VIEIRA, PARIZOTTO, 2013).
- CONFLITOS: Pesquisas apontam que, mulheres podem desenvolver altos níveis de estresse durante a gestação, cuja condição pode se sustentar após o nascimento do bebê, evoluindo para quadros de transtorno comportamentais e emocionais, como depressão pós-parto (DPP), transtornos de ansiedade, conflitos conjugais e maternos, e má qualidade na relação mãe-bebê (FEBRIANI, 2018; RODRIGUES; SHIAVO, 2011; SCHIAVO,2016).
Refletir sobre este aspecto de como a mulher se percebe frente à condição de ser mãe e nos demais papeis impostos a ela, mantem a necessidade de entender os diferentes modos de se perceber no mundo, encontrando-se em uma diversidade, sentimentos e desejos de amor e ódio, na qual todas as mães compartilham, algumas com mais intensidade outras menos, sendo que o início da maternidade é envolto de conflitos e mudanças singulares na vida de cada mulher (GUSMÃO, 2014).
É importante ficar atento aos comportamentos, sentimentos e emoções vivenciada nessa fase de grande alteração emocional e buscar ajuda de profissionais. Para termos gerações futuras mais saudáveis mentalmente, precisamos cuidar primeiro da saúde mental das mães.
*A Psicologia Perinatal é uma área nova da psicologia no Brasil, que se preocupa em conhecer os fenômenos psicológicos que estão em torno do nascimento e aspectos envolvidos nessa fase como: planejamento familiar, problemas de fertilidade, gravidez na adolescência, aborto, luto perinatal, parto/pós-parto, problemas no aleitamento, vínculo com o bebê e adoção.
Referências Bibliográficas.
ARAÚJO, W.S. et. al. Efeitos do relaxamento sobre níveis de depressão em mulheres com gravidez de alto risco: ensaio clínico randomizado. Rev. Latino-Adm. Enfermagem. v24, e2806, 2016.
GUSMÃO. L. V. I. As polaridade do feminino na contemporaneidade e a depressão pós-parto: uma visão gestáltica. Revista IGT na Rede, v.11, n.21, 2014. P.308-321.
MALDONADO, M. T. Psicologia da gravidez: gestando pessoas para uma sociedade melhor. Editora Ideias & Letras; Ed 2. 2017
RODRIGUES, O. M. P.; SHIAVO, R. A. Stress na gestação e no puerpério: uma correlação com a depressão pós-parto. Ver.Bras. Ginecol. Obstet.; v.33,n.9, p.252-257,2011.
SCHIAVO, R. A. Desenvolvimento infantil associação com estresse, ansiedade e depressão materna, da gestação ao primeiro ano de vida. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2016. 150f.
VIEIRA, B. D.; PARIZOTTO, A. P. A. V. Alterações psicológicas decorrentes do período gravídico. Unoesc & Ciência – ACBS, v.4, n.1, p.79-90, 2013.
ZANELLO. V. Saúde mental, gênero e dispositivo: Cultura e processos de subjetivação. Curitiba: Appris Ltda., 2018. “